26 de dez. de 2008

Tem cachimbo no meu jardim




Final do ano. Não me atrevo a fazer retrospectiva de 2008, pois acho que a única coisa que vivi com muita intensidade foi o meu trabalho. Certamente meu ponto de vista não abrangeria acontecimentos, mesmo que os considere importantíssimos. O mais latente para mim, e os mais chegados já cansaram de me ouvir comentar sobre isso, é o absurdo do tráfico de drogas, o crescimento do consumo de crack. Faço questão de comentar sobre isso. Acho sim que o consumo de drogas - de crack - tem que ser tratado como uma epidemia. Epidemia de traficantes vagabundos, que fazem da droga seu ganha-pão, sua labuta. Que utilizam vapores de 6, 7 anos de idade. Que espalham podridão pelo mundo através de pedras baratas. Que aceitam até porta de casas como moeda de troca por pedra. Que aceitam fraldas descartáveis como financiamento. A venda chegou até a janela do meu quarto. Tem cachimbo no meu jardim. Tem noção?
Segundo o blog Contexto Social, nos últimos três anos, o Rio Grande do Sul viveu um boom no consumo. O problema deixou de ser social e de segurança para tornar-se de saúde pública. Internação no Hospital São Pedro de guri de 09 anos por dependência de crack. O guri fumou com a mãe. Que que vai ser desse piá? Necessidade evidente de abertura de mais leitos para a desintoxicação de dependente químicos. Só não vale acorrentá-los ao pé da cama.


Que 2009 seja simplesmente livre...

28 de ago. de 2008

Lei contra lixo sonoro




Uma situação vem se tornando muito comum, razão pela qual resolvi escrever este texto. Ontem, voltando de ônibus do trabalho, um rapaz sentou-se a minha frente ouvindo, através de fones de ouvido, as músicas de seu celular num volume absurdamente alto. Acredito que, por causa do volume exagerado, ele foi incapaz de perceber que, pelo menos, nove pessoas no seu entorno também conseguiam escutar o mesmo. Primeiro um pagode; depois um hip hop; outro pagode, seguido de parte da discografia de 1995 do Michael Jackson. Eclético, o moço. Acontece que, em nenhum momento, o tal rapaz dirigiu-se a quaisquer pessoas que estavam ao seu redor, questionando seus gostos musicais e, mais ainda, se estavam dispostas a ouvir música naquele momento.
Menciono isso porque eu era uma dessas pessoas e fui subitamente interrompida por um pagode desgraçado. Eu estava lendo (como sempre!) um livro bacana... A última coisa que eu queria, naquele momento, era ouvir o som vindo dos fones de outra pessoa.

Nas viagens de ônibus, costumo abusar dos estímulos audiovisuais: vou escutando uma musiquinha, lendo meus livros, prestando atenção a cada detalhe do engarrafamento das 7h30min da Protásio Alves. Como atualmente o mp4 está no Canadá, tirando férias com meu irmão, fui agraciada com a oportunidade de observar o quanto é incômodo pessoas absolutamente desprovidas de noção ouvirem suas músicas num volume absurdo, sem importarem-se com a própria condição de surdez ou o limite de paciência dos outros. Além de perceber isso, agora vou poder avaliar o quanto eu também posso incomodar dentro do ônibus. Poxa! Que falta de respeito! Vão ouvir som alto trancados em seus quartos! Engatem os fones nos seus pc’s e divirtam-se bem longe de mim!!!

Já que lançaram projeto de lei proibindo a mídia externa em outdoor, bem que algum vereador poderia lançar proposta de multa para esses lixos sonoros, com a merecida execução da lei pelo(a) próximo(a) prefeito(a)...

De repente, um estrondo no chão do coletivo cessa o som: o babaca dormiu e deixou cair o celular. Buemba! Espatifou-se o Michael Jackson!

É muito difícil respeitar a liberdade de outrem? Seja o simples detalhe da altura do radinho, seja com a (falta de) educação da população. Respeito, liberdade, limite, bom-senso. Eu não precisaria escrever sobre isso se houvesse nesse tipo de gente o mínimo de bom-senso.



"Todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressas em poucas palavras: liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança".


Winston Churchill




26 de jul. de 2008

Malditas metáforas...

Quanto a gente paga para estacionar aqui por todo esse tempo?
Sai muito caro ficar parada vendo o trânsito fluir de dentro de uma caranga que anda apenas a 20km/h?Quanto vai me custar a brincadeira de ver tudo por trás da janela, sorrisos do lado de fora, cachorros passeando com seus donos, amigos divertindo-se nas mesas dos bares, casais com chimarrão no parque verde, enquanto o meu carro permanece enguiçado, aguardando por uma boa chacoalhada para seguir a viagem?
Hein... Quanto vai ser?

Moço, dá para parcelar?

26 de mar. de 2008

Quem merece ser chamado de herói? (texto adaptado de Gilclér Regina)

Segue uma pequena reflexão sobre as pessoas que merecem ser chamadas de heroínas...

Quando tu ligares o aparelho de TV, mesmo zapeando, e ver um conhecido apresentador dizendo, num intervalo de jogo: "vamos dar uma espiadinha nos nossos heróis", tu também chegas a perguntar a ti mesmo se que aquilo merece o título de "nossos heróis"? Todos têm o direito de aparecer, mas daí a chamá-los dessa maneira é demais!
As pessoas que merecem o título de heróis são aquelas que abrem mão do seu conforto para servir a quem precisa mais. Heróis são aqueles que arriscam a vida em meio a bombardeios de guerras insanas. Heróis são aqueles que enxergam o sofrimento alheio e se colocam a postos para ajudar no que for preciso. São aqueles cuja vida e paixão sobrepujam a omissão. São aqueles solidários que partilham dons e bens.
Há muitos tipos de heróis... Não são celebridades, são profissionais, amadores, enfermeiras, médicos, faxineiros, voluntários, simplesmente voluntários, heróis com causas mais nobres...
Heróis como médicos que visitam aqueles que nem aos precários serviços de saúde pública têm acesso; educadores que partilham seus conhecimentos com estas mesmas pessoas; psicólogos que semeiam saúde e esperança por onde passam...
Heróis são os artistas que conquistaram sua carreira com muito suor, treinamento e trabalho, e não como um pára-quedas caído do céu. Heróis são os empresários que pagam impostos e dão emprego num país onde reconhecidamente os tributos estão entre os mais caros do mundo. Heróis são os políticos, de direita ou de esquerda, com causas verdadeiras e abominadores da corrupção. Mesmo que sejam poucos os que jogam nesse time.
Heróis são funcionários que se preocupam com trabalho, que pensam, que agem, que buscam o melhor local para apostar no seu talento: a empresa. Heróis são aqueles que saíram das ruas e conseguiram inserção no mercado de trabalho. Heróis são aqueles que continuam nas ruas, revirando lixo na sua medíocre sobrevivência, agora chamados pela sociedade de recicladores - pelo menos, uma parte deles está se dando bem em cooperativas. Heróis são aqueles que acreditam que outro mundo é possível, mais humano e com mais amor. E tudo começa com pequenos gestos que possam gerar mudanças grandiosas.
Pequenos gestos que poderão gerar mudanças grandiosas... Pequenos gestos poderão se transformar em benefícios concretos...
Heróis são aqueles que contribuem não com programas fúteis que engordam a conta de alguns poucos, mas com programas humanitários, com causas sociais verdadeiras. Estas instituições precisam de apoio, sejam as entidades já reconhecidas ou outras que podem estar iniciando seu projeto neste momento. O nosso país precisa aprender uma lição básica: educar para trabalhar.
Todos têm de partilhar deste ideal. O Brasil precisa de mais heróis.

5 de jan. de 2008

Só de sacanagem (Elisa Lucinda)

“Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela de passar? Tudo isto que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro... Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam. ‘Não roubarás’. ‘Devolva o lápis do coleguinha’; ‘esse apontador não é seu, minha filha’. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido de escutar, até habeas corpus preventivo, coisa da qual eu nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica insiste. Esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se meteram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido. Então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem.
Dirão:
- ‘Deixa de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba’!
E eu vou dizer:
- ‘Não importa, não será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez, eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês’.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau!
Dirão:
- ‘É inútil! Todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal’!
E eu direi:
- ‘Não admito! Minha esperança é imortal. E eu repito: i-mor-tal’!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final”.