7 de abr. de 2011

Esse silêncio poderoso...

Não atrevo-me aqui a desenvolver teorias sobre a falta de sons. Não menciono nenhum estudo, pesquisa ou qualquer mera curiosidade sobre um cotidiano sem trilha sonora. Já que este é um espaço onde divido meus porquês e mostro minha peculiar percepção da realidade, hoje destino-me a escrever sobre o silêncio e o que ele tem me causado nos últimos dias.
Os dias têm passado apressados, as semanas desfilam rápidas diante de mim, e eu a isto procuro corresponder com postura atuante e interativa. Os ponteiros do relógio andam depressa, trazendo consigo a agitação que gosto de ter: compromissos profissionais, contatos ininterruptos com os amigos, efervescência eletrônica e cultural, planejamento de futuro e muitas ideias nessa minha cabeça maluca. Envolvo-me completamente com o mundo, meu mundo, tentando extrair dele o que tiver de mais interessante. Nos últimos dias experimento, controversa à dinamicidade deste cenário, o silêncio. O livro que leio faz-me afundar em pensamentos. Ando resumida em apenas escutar minhas playlists sem realmente escutá-las: as letras me tangenciam e eu não me esforço em acompanhá-las. O trabalho urge mais intenso agora do que há alguns meses e, no entanto, levo a frente os afazeres como se jamais tivessem a expressividade que realmente têm. Com a família, tenho tido momentos agradáveis, diálogos leves e divertidos, mas que me transpassam sem dificuldades, sem barreiras, e também sem deixar nada dentro de mim. O silêncio perturba, distrai,confunde, agonia, corrói. O aviso que não vem, o retorno que falta, a voz que emudece, a boca que cala, a mente que se fecha. A esperança por um mínimo movimento, a percepção do menor sinal da vida que acontece. E quando não é isso que ocorre, o silêncio torna-se tão estrondoso que chega a ecoar dentro de mim. Aquele silêncio matreiro, que chega de mansinho e furta o raciocínio, que isola e absorve o pensamento sem pedir permissão. O silêncio que instiga e castiga a alma, a cabeça e o coração.
Eu não sou a favor do silêncio, sou a favor de se fazer a diferença no mundo. Sou a favor da intensidade, da ação e reação, das medidas tomadas, de chorar pelo leite já derramado e de remediar o que não tem remédio só pelo simples fato de não estar parada. O silêncio perturba, o silêncio agonia, o silêncio corrói. Se é para falar, vamos falar! Se queres gritar, cantar, sair, nadar, brincar, sorrir: vamos à luta. Não dá para deixar a vontade passar e correr o risco de decepcionarmos quem até poderia nos acompanhar. Gritemos, cantemos, saiamos, vivamos. Não nos coloquemos à mercê desse maldito silêncio, ao que me refiro neste texto. Sejamos solidários conosco mesmos. Adicionemos empolgação e imaginação no que executamos, tal como o roteiro de um bom filme. Retribuamos, dando o devido valor que coisas, pessoas, relacionamentos e tarefas realmente merecem. O silêncio é o vácuo da atitude, com o qual eu não aprendi a lidar. E disso me orgulho.

Abraço!

Um comentário:

Maikel Lincke disse...

Oi Paula...adorei o texto,principalmente qnd diz-Não dá para deixar a vontade passar e correr o risco de decepcionarmos quem até poderia nos acompanhar. Gritemos, cantemos, saiamos, vivamos.Parabens!!!