No ônibus, mais uma vez viajando nos pensamentos absurdos da minha cabeça enquanto a ida ao trabalho parece durar uma eternidade, aconteceu um fato curioso: depois de esperar na parada, sobe no coletivo mais um que se aglomera e se contorce no corredor em meio a tantos outros, imaginando inocentemente contribuir para que o movimento de sobe-e-desce flua positivamente. Eu vou sentada, dando graças por morar próximo ao fim da linha, onde consigo escolher o melhor lugar.O retrato do nosso país: ônibus com gente saindo pelo ladrão, trânsito engarrafado, rostos cansados ainda no início da manhã e, o meio disso tudo, uma pessoa tão simples ostentando a nossa bandeira.
Opa! Peraí, pára tudo!!! Como assim, uma bandeira de verdade? Sim. Era de papel colorido e embrulhada num plástico. Mas era de verdade, e talvez seja a mais verdadeira e bonita que já vi, pois ia grudada ao peito, espontaneamente segurada pela mão direita, bem próximo ao coração.
Será que o pobre homem sabe o que ela significa? O que suas cores simbolizam? Sua história ou importância política? Será que ao menos sabe ler “ordem e progresso”? A julgar pelo zelo com o maço que carregava, posso apostar que sabia de tudo muito mais do que qualquer um de nós.
